Caros colegas, estamos estendendo o prazo de entrega de trabalhos para o número Fronteiras até o dia 30 de Novembro.
Fronteiras, limites criados na intenção e no desejo de buscar alguma referência fixa para um mundo em constante movimento.
Século XXI, momento histórico no qual os discursos da tecnologia e da ciência ultrapassaram fronteiras impensadas, diluindo margens essenciais entre o público, o privado e o íntimo.
A virtualidade se impõe e impõe novos parâmetros que se traduzem na produção de transformações radicais da experiência humana de espaço, de tempo, numa hiperconectividade, nas formas amorosas e em vínculos criados em redes nunca antes imaginadas. Também o discurso das ciências, na tentativa de universalização, despoja o sujeito de suas particularidades subjetivas e, num avanço brutal, cruza as fronteiras do corpo atravessado pelas intervenções da genética, da biologia, das neurociências.
As novas configurações familiares, com as transformações nas leis dos relacionamentos maritais e de gênero criam também novas formas de parentalidade, com mudanças de paradigma nas questões de identidade, propondo uma diversidade mais que uma norma.
A frágil e movediça fronteira entre normal e patológico se rompe, e cada sujeito, caso a caso, terá que ser pensado em sua singularidade, como desde sempre propôs a psicanálise. Somos então, constantemente interpelados, como psicanalistas, a pensar nas formas e limites a que esta exposta a nossa prática, assim como nas fronteiras do psíquico.
Para um analisando as fronteiras são as das suas resistências: não querer/poder saber nada do que padece. Mas, para aqueles que tentam a experiência analítica, o que é inalcançável atravessa as fronteiras. É assim que cada um se descobre, antes de tudo, estrangeiro de si mesmo.
Mas, sabemos que existe outra estrangereidade, e que diante do outro, o ato de migrar implica cruzar não só uma fronteira geográfica, mas também uma linha imaginaria. O que se deixa em um e no outro lado é um limite movente entre o conhecido e o estrangeiro. Migrantes, refugiados e também aqueles que se deslocam internamente têm marcado presença nos cenários do mundo e entre as fronteiras que ora se abrem, ora se fecham, em um angustiante desequilíbrio.
A psicanálise, ao orientar seu pensamento baseada no conceito de inconsciente, caminha por um espaço subversivo, como uma disciplina sempre à margem, que somente sobrevive na mobilidade do “entre”. Nesse espaço limite, estaremos sempre sujeitos ao mal estar de cada tempo e às mudanças, com suas ressonâncias na subjetividade.
Diante do fato de que cada época produz suas permissões e suas proibições – as fronteiras do desejo –, como psicanalistas, a partir de nossa prática, e também como protagonistas do nosso tempo temos a possibilidade de ver, escutar, pensar e também escrever sobre estas temáticas.
Calibán, RLP, em Fronteiras, tema de seu próximo número e do próximo Congresso da Fepal, 2020, convida a todos para escrever sobre os efeitos dessa delimitação, desse rasgo da experiência humana.
Aguardamos seus textos que devem ser enviados para editorescaliban@gmail.com, e para revista@fepal.org, até a data limite de 30 de Novembro de 2019.
Solicitamos consultar as normas da revista nas últimas páginas de cada número de Calibán, RLP, ou no sítio de Calibán, RLP: www.calibanrlp.com
Os textos serão aceitos para avaliação somente se estiverem dentro das normas.
Equipe Editorial de Calibán, RPL